BRUMADINHO PODE VIRAR FLORESTA 10 ANOS MAIS RÁPIDO; VEJA O QUE ESTÁ SENDO FEITO.

 

 

TÉCNICA DESENVOLVIDA POR PESQUISADORES DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL PARA RESGATAR O DNA DA VEGETAÇÃO, PODE ACELERAR EM 10 ANOS O FLORESCIMENTO E A FRUTIFICAÇÃO DE ÁRVORES NATIVAS EM BRUMADINHO

3,3 hectares estão, de novo, tomados pelo verde — Foto: Vale/Divulgação

 

Existe um lugar em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde a vegetação forma um microclima agradável, sob a cobertura de árvores nativas da mata atlântica e do cerrado e com visitas de animais como a onça parda e a borboleta ribeirinha (Parides burchellanus) – essa que não aparecia há 10 anos na região. É difícil de acreditar, mas esse lugar está dentro da mancha de rejeito do rompimento da barragem no Córrego do Feijão, quase 5 anos depois da tragédia que matou 272 pessoas. Uma força-tarefa de pesquisadores da Sociedade de Investigações Florestais (SIF), da Universidade Federal de Viçosa (UFV), criou técnicas de reflorestamento que tiveram sucesso em devolver a biodiversidade à área devastada pela lama em um período recorde de seis a onze meses.

O verde da floresta que começa a crescer, ainda tímida, é da cor da esperança de um futuro menos destruído para Brumadinho. Está em jogo um investimento de R$ 5 bilhões na recuperação ambiental de toda a área afetada, de 300 hectares, mais R$ 1,5 bilhão por ações de compensação ambiental no entorno, segundo o que ficou estabelecido no Acordo de Reparação Integral junto ao Governo de Minas. A expectativa é que, dentro de 10 de anos, toda a área atingida se transforme em uma grande floresta. O período poderia ser maior, de 20 a 30 anos, se acontecesse naturalmente. Foi exatamente para acelerar o processo que pesquisadores desenvolveram técnicas inovadoras testadas pela primeira vez no mundo, como o resgate de DNA de árvores em risco pela lama ou em extinção.

“Se você abandonar uma área e esperar a regeneração natural, a restauração pode demorar 20, 30 anos, muito mais tempo. Em Brumadinho, é muito favorável. Apesar do impacto, o território fica próximo a remanescentes florestais que estão jogando sementes ali, e estamos atuando com diversas técnicas. Em 10 anos, essa nossa floresta já vai poder crescer e se desenvolver sozinha”, conta Sebastião Venâncio Martins, coordenador do Laboratório de Restauração Florestal da UFV e orientador técnico da restauração florestal em Brumadinho.

Martins destaca que, em áreas diretamente atingidas, o processo é um pouco mais lento por causa do rejeito. “Tem que tirar todo o rejeito, e depende da liberação dos bombeiros. Só depois que os bombeiros liberam a área que entramos com a restauração”, explica. Isso acontece porque três corpos de vítimas que foram soterradas pela lama ainda não foram encontrados. As famílias esperam pela chance de realizar velório, enterro e se despedir corretamente, e todos os dias os militares fazem buscas na região. Só depois que o Corpo de Bombeiros entende que não há corpo em tal parte da área atingida, que os pesquisadores podem começar com o trabalho de reflorestamento.

Fonte: O Tempo

Até o momento, 3,3 hectares, o equivalente a três campos de futebol, foram liberados – 99% do rejeito ainda passa por buscas diárias. O trecho recebe ação dos reflorestamento desde 2020 e a mudança de um cenário marrom, tomado pela lama e sem vida – isto é, quando os animais haviam fugido – para um terreno verde, coberto por árvores e moradia de animais nativos é surpreendente. “Algo que chama atenção é, com certeza, a atração de fauna para a área. Foram colocadas câmeras para monitoramento do reflorestamento, e nós conseguimos ver macacos passando ali, uma série de insetos, de pássaros e animais silvestres da região, que voltaram. Isso é muito importante e um dos nossos objetivos, os animais são responsáveis por fazer a dispersão natural das sementes”, afirma o coordenador Sebastião Venâncio Martins.

Além dos 3,3 hectares da área atingida, mais 60 hectares da região do entorno, tidos como território de compensação e preservação ambiental, também estão em processo de reflorestamento. O plantio aproximado é de 90 mil mudas, incluindo semeadura natural e com alteração de DNA.

A reportagem completa pode ser vista no site do Jornal O Tempo.

 

Fontes: Jornal O Tempo
Divulgação Institucional da UFV.